sábado, 17 de janeiro de 2015

Carimbó e Dona Onete, Rainha do Carimbó


  O carimbó é uma dança de roda que tem origem das três etnias que formaram o brasil. A palavra (do indígena korimbó, pau que produz som) também se aplica a tambores (que também chamam-se curimbó), e a dança que se espalhou pelo nordeste brasileiro e principalmente cidades paraenses, chamando-se ainda maranhãozinho (Em marapanim), e Ara quaim (em Curuçá).


  É acompanhado de curimbó, maracás, com vestimenta franzida e colorida (herança de europeus), que se dança em par, os homens com o corpo curvado e calça de pescador, puxando o pé pra fazer o passo e marcar o ritmo (herança de índios), com percussão marcante - como é típico do africano - e as palmas e estalar dos dedos - herança de portugal.
  Nos anos 60/70 foi incorporada a guitarra e a influência de ritmos como cumbia e merengue, o que em seguida impulsionou o surgimento da lambada (com Pinduca, com a música Lambada). Pinduca foi o mais expressivo autor de carimbó, com uma vasta discografia, e é reconhecido como rei do carimbó. Em setembro de 2014, o carimbó foi definido como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro (IPHAN, 2014)!

Mas é da rainha que vou falar, Dona Onete, diva do carimbó chamegado, do carimbó moderno. Foi secretária de cultura, professora de História e Estudos Paraenses. Fundou e organizou grupos de danças folclóricas e agremiações carnavalescas.
Aos 73 anos, lançou seu primeiro CD: Feitiço Caboclo (2012) (link download).
O disco tem forte conotação folclórica, pondo a Lua como personagem, e elementos da culinária paraense. Em algumas músicas prevalece os sopros marcantes, em outras se vê guitarra e violão clássico.
Em Jamburana, faz o chão tremer com seu carimbó; a letra faz referência ao Jambu, que tem efeito anestésico e dá sensação de formigamento e "treme-treme"... (Aliás Dona Onete faz licor e doce dessa hortaliça). As guitarras acompanham pra dar essa sensação que faz você tremer sem sentir...
Moreno Morenado é o típico carimbó, feito pra dançar a dois (Teu jeitinho carinhoso/de sorrir e de falar/é um mar tempestuoso/onde quero velejar/.../e sair mar afora além da imaginação)
  
Carimbó chamegado apresenta este ritmo, sendo mais um registro de cultura, já que o carimbó é produto da miscigenação (sou carimbó de água doce/muito diferenciado/porque tenho toque maneiro/meu suíngue é chamegado/lá o branco, o negro e o índio/deixou tudo misturado).
Outra que mostra o carimbó verdadeiro é Feitiço Caboclo, que dá título ao disco e é um dos carros-chefe desta obra que com certeza vai figurar entre estudiosos da música e cultura. O som é contagiante, embala seus quadris, é muito bom, é bom demais!!!! ("Replay se prepare que vou lhe usar")
  
No CD ainda se explora o brega (Poder de sedução e Louco desejo), o folclore bucólico e de roda, com o rodízio dos guitarreiros (Boi guitarreiro), o sentimentalismo no samba Rio de Lágrimas - mas com intervenção do rap de MG Calibre; As lambadas Lua Namoradeira e Balanço Criolo, que aborda um pouco da construção do ritmo (Lá pelo mar do Caribe eu velejei/Lá encontrei um ritmo louco/dominicano pra se dançar)
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