domingo, 29 de dezembro de 2013

Alceu Valença e Jackson do Pandeiro (1978) Projeto Pixinguinha

Eita pedrada daaaaaaaa porra! "Raridade não, se amostra!"
É com esse "enxame" que começo a postagem de hoje. Afinal, não é todo dia que se junta duas feras mitológicas do nordeste num álbum só.

Confesso, sem exagero, que chorei de admiração e alegria antes de chegar ao meio do álbum. A beleza é insuperável. Há anos tenho mergulhado na cultura nacional. Nenhum carioca, mineiro, paulista, soteropolitano, enfim, ninguém mais me convence que o nordeste não traz a mais rica cultura do mundo.


O álbum foi rendimento do projeto pixinguinha, num show em 1978, mês de maio.
Invejinha de quem acompanhou.
Dizia Alceu ao jornal Cultura Democrática: "Jackson do Pandeiro pra mim é a mistura de todas as raízes da música nordestina, é coco, é embolada, é marcha e é samba também. É uma grande alquimia, exercitando-se em todas essas variantes."
Jackson também falava: "Alceu é um amigo, uma pessoa que vem fazendo muito pela música brasileira, só que renovando para furar o esquema, como o Gil fazia antes. Eu sigo no original e eles vão mudando para um outro tipo de acompanhamento".



A admiração mútua veio ajudar ao diretor Ginaldo de Souza nesse desafio de propor um roteiro que privilegiasse a interação da dobradinha, como na abertura do espetáculo, quando alternavam exemplares de seus repertórios, como Vou danado pra Catende (Alceu) e Forró em Limoeiro (Jackson).

O show é finalizado pela embolada-manifesto "Papagaio do futuro", de Alceu, os primeiros versos que Alceu e Jackson cantaram juntos, em 1972, quando Alceu convidou o ídolo para dividir a interpretação na última edição do Festival Internacional da Canção (da rede global).
O show passou por SP, RJ, Brasília, e ainda Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Belém.

Informações não confirmadas dizem que
Jackson está acompanhado do Conjunto Borborema. Severo (Acordeon); Cícero (Zabumba); Tinda (Triângulo) e Melquiades (Loza) no pandeiro. Os músicos de Alceu devem ser os mesmos do disco Espelho Cristalino: Paulo Rafael, Zé da Flauta, Ivinho, Israel Semente, etc.

Ouça, calango!
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sábado, 28 de dezembro de 2013

Lula Côrtes

Sem papas na língua, nasceu em 1949 Luiz Agusto Martins Côrtes: Lula Côrtes.

Segundo ele, tem participação em mais de 50 álbuns. Trabalhou e influenciou fortemente diversos músicos, como Zé Ramalho, Zé da Flauta, Lailson, Jarbas Mariz, Marconi Notaro, Ivinho / Ave Sangria, Flaviola e o Bando do Sol, Paulo Rafael, Robertinho de Recife... Toda essa galera de peso, ícones áureos da música nordestina e nacional.

Em suas obras, tanto músicas como livros e pinturas, foi possível observar a versatilidade ao viajar espiritualmente quando influenciado pela cultura indiana; uso de alucinógenos, durante a fase de criação do seu maior e internacionalmente aclamado álbum Paêbirú, juntamente a Zé Ramalho.

Seu trabalho inacabado, "Tarja preta" foi interrompido por sua morte em 2011, devido ao câncer. Segundo Côrtes, "tratava-se de um tratado sociológico sobre a situação atual da juventude atual, dividido em três comprimidos (discos). Então é um trabalho diário. Sobre o crack, o crime, homossexualismo, sobre o emo. Tem a EmoCrise que estou escrevendo..."

O último ou um dos últimos shows em que Lula foi gravado, foi o show Vivo, juntamente com os também míticos Zé da Flauta e Paulo Rafael. Trechos abaixo




Leia uma ótima entrevista com Lula Côrtes no site Interpoética.
De brinde, ilustrações de Lula Côrtes com poemas de Cristiano Jerônimo.
E não deixe de conferir seus discos, todos são excelente recomendação a qualquer pesquisador musical do gênero.
1973 Satwa - Rozenblit - Com Lailson
1975 Paêbirú - Rozenblit - Com Zé Ramalho
1980 Rosa de Sangue
1981 O gosto novo da vida - Ariola
1988 Bom Shankah Bolenajh - com Jarbas Mariz
1995 Lula Côrtes & Má Companhia
2006 A vida não é sopa - Sopa diário

E disponibilizo 3 faixas exclusivas do "Tarja Preta", álbum que Lulinha gravava antes do falecimento. Não sabemos se há outras músicas gravadas, se o álbum vai sair... Não temos nenhum fim lucrativo, e pelo que vejo entre as entrevistas de Lula Côrtes, ele não iria brigar por isso, uma vez que o que o enfurecia era a hipocrisia comercial que acometia a cultura - segundo ele, com acordos de interesse mediante órgãos de fomento e governo. Espero apenas continuar a manutenção da memória viva de Lula. Obrigado pela compreensão.

Ouça, calango!
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Zé Ramalho e Lula Côrtes: O caminho da montanha do Sol

José Ramalho Neto e Luiz Augusto Martins Côrtes, um "super-duo". Do seu místico encontro houve uma explosão musical de 14 Megatons, o mítico Paêbirú (Caminho da montanha do Sol).
Este raríssimo álbum foi lançado pelo selo Rozenblit, e quase todas as 1.300 cópias foram destruídas durante uma inundação em Recife no mesmo ano de lançamento (1975), restando cerca de 300 cópias originais. A fita master também foi destruída. Relançado em 1995 pela gravadora alemã Shadoks Music, e 2008 pela inglesa Mr. Bongo, e 2012 no Brasil, não obstante sua qualidade perpassar qualquer dificuldade. O disco é hoje o vinil de maior valor comercial do mercado brasileiro e mundial, suas cópias já alcançaram o valor de R$ 5.000!!


O álbum é inoxidável. Traz elementos de Rock psicodélico, jazz e ritmos regionais / nordestinos, afoxé(?). A principal inspiração do duo foi a Pedra do Ingá, no município de Ingá, interior da Paraíba, que é hoje um dos monumentos arqueológicos mais significativos do mundo. No decorrer do álbum, o usuário, auditor, expectador enfim... se depara com "Sumé": entidade mitológica em que os indígenas acreditavam antes da colonização.




O álbum duplo traz 4 lados: Terra, ar, fogo e água. Em terra, observamos tambores, congas, flauta e sax alto, e ainda berimbau; em ar, há harpas, violas, e ainda suspiros, conversas e risadas. Fogo parece ser o lado mais pesado do disco, contando com guitarra distorcida, órgão e um som menos acústico, lançando-se fundo no rock psicodélico. Água traz sons de água corrente, louvação a Iemanjá, e incorporação de gêneros como o baião.





Cabe adicionar que contribuiram para o disco Alceu Valença e Geraldo Azevedo. Don Tronxo participa na guitarra em "Harpa dos Ares", segundo Zé Ramalho ele era um dos mais loucos naqueles anos psicodélicos.
A arte do álbum ficou a cargo de Kátia Mesel, então esposa de Lula Côrtes, cujas imagens foram obtidas em várias visitas à Pedra do Ingá.
Paêbirú, o caminho da montanha do Sol, que se estendia por mais de 1.200 km da costa brasileira, do oceano Atlântico ao Pacífico.

Confira entrevista com zé Ramalho no Psicodélico.
Calango, ouça tudo!.
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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Glue Trip: Just Trippin EP (2013)

Glue Trip

Just Trippin EP (2013)

Psicodelia paraibana, neomodernista, que se desprende da estética e métrica; divinorumamente, transcendentalmente, viagem-de-cola-na-mente.


O duo, composto por Felipe Augusto e Lucas Moura, consegue dar uma sonoridade original ao projeto, te transportando a outra realidade mesmo nas faixas com menos firulas instrumentais. Para eles, basta violão, voz e idéias, apenas isso... - Só que não! Tem muito +.



O EP traz cinco experimentos isolados, praticamente padronizados, limpando um terreno que há muito não se visitava na música brasileira. Lançando mão da influência da psicodelia sessentista, principalmente em Lucid Dream (minha favorita), não deixa de explorar o fino da bossa em Elbow Pain.
Apesar da singela simetria entre as faixas, estas não foram todas feitas de uma só vez, num projeto contínuo, imparável, impassível; Foi, outrossim, feito ao longo de um ano que permitiu uma pesquisa musical e fluxo de criatividade juntos.

Os vocais lembram Gorillaz, alguma coisa de Red Hot Chili Peppers e mais algumas coisas. Marcus Valle pode também ser uma das influências ao trabalho. De tão visceral, tenho certeza que cada ouvinte vai encontrar alguma referência própria, uma outra forma de descrever o parece-com-quê.


Até o momento é desconhecido outras bandas/grupos como o Glue Trip, mas na memória me vem alguém do Dream Pop: os arapiraquenses (AL) do My Midi Valentine, que após o primeiro trabalho (Fall of Mesbla, 2011, Popfuzz) lançaram faixas extras, como "We vs. We". Vale a pena conhecer.

Conheça o som no SoundCloud!

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domingo, 8 de dezembro de 2013

Plástico Lunar: Coleção de viagens espaciais (2009)

Plástico Lunar


Banda sergipana de rock psicodélico, alcançou no seu último álbum completo - Coleção de viagens espaciais - a qualidade de obra-prima do rock psicodélico brasileiro, e deve figurar entre a coleção de qualquer amante do gênero.


A letra, teclados, baixo, bateria são incríveis, e a expressão vocal do frontman Daniel Torres fecha a mistura com chave de ouro.
Tentei e não consegui entrevista; e nada mais tenho a dizer, a não ser desejar boa viagem espacial.

Você pode fazer o download gratuito no SoundCloud.
Informações para contato aqui.
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